quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A alegria de ser uma finalista no Primeira Pauta da Zero Hora. Considero uma homenagem ao meu querido vô

Em uma tarde de sábado, a brisa fresca que vinha do pé de laranjeira amenizava o calor sufocante do verão. Éramos meu avô e eu: ele, maravilhado pelas histórias que o tempo não apagara; eu, a ouvinte ou, quem sabe, confidente. Naquela tarde, em janeiro de 1998, aprendi pela história contada por meu avô que as lembranças têm vida. Ele me levou a Porto Alegre, precisamente ao dia 16/11/ 1955. Para quem, como ele, vive sob o refúgio do Interior, um passeio à Capital é o prenúncio de uma aventura. Já em Porto Alegre, seus olhos acompanhavam com atenção o movimento: pessoas, carros, bondes elétricos. Diante do sossego quase ininterrupto do Interior, o que ali se via era o mesmo que em filmes e novelas – tudo parecia estar fora de controle. Na Praça da Alfândega, lugar de fácil acesso mesmo para os desacostumados à agitação dos “tempos modernos”, a juventude da época – rapazes com a camisa desabotoada no colarinho e o pente fino, peça fundamental para embelezar os cabelos com gel Glastora –, se encontrava para um inocente sorvete na Praça XV. Uma volta pela charmosa Rua da Praia e lá estavam a razão do passeio: os livros, expostos pelas 14 barracas no monumento ao General Osório. O conto, a poesia, as páginas coloridas ou em preto e branco traduziam a importância daquele momento que, para um jovem do interior, era como descobrir o mundo. Nada mais importava. Não havia vontade de retornar para casa, tamanha havia sido a simpatia com os livros. Meu avô, sentado ao pé de laranjeira muito tempo depois, me narrou a emoção de visitar a 1ª Feira do Livro de Porto Alegre. Esta é a reportagem que eu gostaria de ter feito. Ser repórter naquela época para acompanhar o passeio de jovens e descrever as descobertas mágicas de muitos gaúchos na 1ª Feira do Livro de Porto Alegre.

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